Considero
os Cru de Beaujolais um grande achado para os apreciadores de bons vinhos e com
a vantagem de terem uma excelente relação de custo benefício. Antes de
descrever os vinhos provados queria apenas deixar mais claro aos leitores quais
são ao AOCs e os seus“Crus” , vamos a elas: AOC Beaujolais, AOC Beaujolais
Village, e os Crus Brouilly, Régnié, Chiroubles, Côte de Brouilly, Fleurie, Saint-Amour, Chénas, Juliénas, Morgon, e Moulin-à-Vent.
Vou aproveitar para complementar esse post com comentários que fiz em 2017
quando participei de uma Master Class com Anthony Collet, da “Inter Beaujolais”.
Todos os Beaujolaise são mono varietais,
utilizando a casta Gamay pouco divulgada fora desta região. De acordo com
estatísticas existem 36 mil hectares de vinhedos desta variedade plantados no
mundo, sendo 15 mil deles na sua origem. Uma das características dos Beaujolais
é a sua vinificação que se inicia com os cachos não sendo desengaçados, e a
seguir com o processo da maceração semi-carbônica, tradicional na região, mas
que pouco a pouco vai perdendo alguns seguidores que já se utilizam dos
processos normais de vinificação, como ocorre com os irmãos mais famosos,
os Pinot Noir da Borgonha. A região
conta com 2.700 produtores que elaboram por volta de 100 milhões de garrafas
classificadas dentro das 12 AOCs acima citadas, das quais 40% são exportadas e
os outros 60% consumidas pelo próprio mercado francês. Os Beaujolais e os
Villages são vinhos bem frutados e delicados na boca, os crus por sua vez são
exemplares mais complexos e que podem ser divididos em 3 grupos: 1) Os
Chiroubles, Bouilly, e Régnié mais delicados e tenros. 2) Os Fleury, Saint
Amour, e Côte de Brouilly um pouco mais estruturados, mas finos e sedosos. 3)
Os Julienás, Chénas, Morgon, e Moulin -a-Vent mais intensos e generosos. Na
noite desta última 6ª feira provamos às cegas os seguintes vinhos:
1 G.
Descombes Beaujolais Village 2018 – 12,5% de álcool – Um vinho redondinho, glou glou, certinho, mas sem
estrutura bom para beira de piscina. 87,5/100
2 Karin
Vionnet Chiroubles 2017 – 13% de álcool – Um vinho com a mesma característica do anterior, mas
este sim trazendo estrutura e mais complexidade, pecou um pouco pelo seu
amargor final. 89/100
3 Roland
Pignard Morgon 2014
– 12,5% de álcool. – Um vinho mais maduro com boa complexidade olfativa, e boca
bem harmônica, estilo tradicional, belo exemplar agradou muito 90/100
4 Pierre
Cotton Côte de Brouilly 2018 – 13,5% de álcool – Um vinho conflitivo no nariz mesclando aromas intensos
de tutti fruti com salmoura ou água de azeitona. Na boca pontinha excessiva de
álcool, pouca estrutura e ligeira acidez volátil. 88,5/100
5 Jean
Paul Thevenet Morgon Vieilles Vignes 2012 – 13% de álcool – Um vinho maduro complexo, de
alta qualidade em seu limite de guarda, abriu com sensível acidez volátil, mas melhorou
na taça com passar do tempo, final de boca austero com ameixa seca e
terciários, um dos destaques da noite. 92/100
6 Marcel
Lapierre Morgon 2010
– 13% de álcool – Um vinho com as mesmas características do anterior, parecendo
até mais jovem e estruturado. Interessante que para mim o tempo de taça o
desequilibrou um pouco mas foi outro destaque da noite 91/100
7 Jean
Claude Lapalu Eau Forte Côte de Brouilly 2018 - 14,5% de álcool - Para mim a decepção da
noite. Abriu com papelão molhado, flores secas tutti frutti, boca com presença
marcante de álcool. Houve discussão se vinho estava Bouchon ou não, e não houve
concordância. Pena 87/100
8 Domaine Thillardon Mulin a Vent 2018 – 13% de
álcool. Vinho agradável, mas parecendo
ser muito mais antigo do que 2018. Fruta evoluída, presença intensa de terciários,
perdeu vigor com o passar do tempo na
taça.
Minha classificação 1) Thevenet, 2)
Lapierre, 3) Thillardon, 4) Roland Pinnard, 5) Karin Vionett, 6) Pierre Cotton,
7) Descombes, 8) Jean Claude Lapalou
Classificação com a média do Grupo: 1) Lapierre, 2) Thevenet, 3) Roland
Pinnard, 4) Karin Vionett, 5)Thillardon, 6) Descombes, 7) Pierre Cotton, 8)
Jean Claude Lapalou
Certamente uma noite de alegria para os apreciadores de Morgon.
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