9 de set. de 2020

Cru de Beaujolais foi o tema da Baixa Intervenção

 



Considero os Cru de Beaujolais um grande achado para os apreciadores de bons vinhos e com a vantagem de terem uma excelente relação de custo benefício. Antes de descrever os vinhos provados queria apenas deixar mais claro aos leitores quais são ao AOCs e os seus“Crus” , vamos a elas: AOC Beaujolais, AOC Beaujolais Village, e os Crus Brouilly, Régnié, Chiroubles, Côte de Brouilly, Fleurie,  Saint-Amour, Chénas, Juliénas, Morgon, e Moulin-à-Vent. Vou aproveitar para complementar esse post com comentários que fiz em 2017 quando participei de uma Master Class com Anthony Collet, da “Inter Beaujolais”.  Todos os Beaujolaise são mono varietais, utilizando a casta Gamay pouco divulgada fora desta região. De acordo com estatísticas existem 36 mil hectares de vinhedos desta variedade plantados no mundo, sendo 15 mil deles na sua origem. Uma das características dos Beaujolais é a sua vinificação que se inicia com os cachos não sendo desengaçados, e a seguir com o processo da maceração semi-carbônica, tradicional na região, mas que pouco a pouco vai perdendo alguns seguidores que já se utilizam dos processos normais de vinificação, como ocorre com os irmãos mais famosos, os  Pinot Noir da Borgonha. A região conta com 2.700 produtores que elaboram por volta de 100 milhões de garrafas classificadas dentro das 12 AOCs acima citadas, das quais 40% são exportadas e os outros 60% consumidas pelo próprio mercado francês. Os Beaujolais e os Villages são vinhos bem frutados e delicados na boca, os crus por sua vez são exemplares mais complexos e que podem ser divididos em 3 grupos: 1) Os Chiroubles, Bouilly, e Régnié mais delicados e tenros. 2) Os Fleury, Saint Amour, e Côte de Brouilly um pouco mais estruturados, mas finos e sedosos. 3) Os Julienás, Chénas, Morgon, e Moulin -a-Vent mais intensos e generosos. Na noite desta última 6ª feira provamos às cegas os seguintes vinhos:



1 G. Descombes Beaujolais Village 2018 – 12,5% de álcool – Um vinho redondinho, glou glou, certinho, mas sem estrutura bom para beira de piscina. 87,5/100



2 Karin Vionnet Chiroubles 2017 – 13% de álcool – Um vinho com a mesma característica do anterior, mas este sim trazendo estrutura e mais complexidade, pecou um pouco pelo seu amargor final. 89/100



3 Roland Pignard Morgon 2014 – 12,5% de álcool. – Um vinho mais maduro com boa complexidade olfativa, e boca bem harmônica, estilo tradicional, belo exemplar agradou muito 90/100



4 Pierre Cotton Côte de Brouilly 2018 – 13,5% de álcool – Um vinho conflitivo no nariz mesclando aromas intensos de tutti fruti com salmoura ou água de azeitona. Na boca pontinha excessiva de álcool, pouca estrutura e ligeira acidez volátil. 88,5/100



5 Jean Paul Thevenet Morgon Vieilles Vignes 2012 – 13% de álcool – Um vinho maduro complexo, de alta qualidade em seu limite de guarda, abriu com sensível acidez volátil, mas melhorou na taça com passar do tempo, final de boca austero com ameixa seca e terciários, um dos destaques da noite. 92/100



6 Marcel Lapierre Morgon 2010 – 13% de álcool – Um vinho com as mesmas características do anterior, parecendo até mais jovem e estruturado. Interessante que para mim o tempo de taça o desequilibrou um pouco mas foi outro destaque da noite 91/100



7 Jean Claude Lapalu Eau Forte Côte de Brouilly 2018 - 14,5% de álcool - Para mim a decepção da noite. Abriu com papelão molhado, flores secas tutti frutti, boca com presença marcante de álcool. Houve discussão se vinho estava Bouchon ou não, e não houve concordância. Pena 87/100

 


8 Domaine Thillardon Mulin a Vent 2018 – 13% de álcool. Vinho agradável, mas parecendo ser muito mais antigo do que 2018. Fruta evoluída, presença intensa de terciários, perdeu vigor  com o passar do tempo na taça.

 


Minha classificação 1) Thevenet, 2) Lapierre, 3) Thillardon, 4) Roland Pinnard, 5) Karin Vionett, 6) Pierre Cotton, 7) Descombes, 8) Jean Claude Lapalou

 


Classificação com a média do Grupo: 1) Lapierre, 2) Thevenet, 3) Roland Pinnard, 4) Karin Vionett, 5)Thillardon, 6) Descombes, 7) Pierre Cotton, 8) Jean Claude Lapalou

 

Certamente uma noite de alegria para os apreciadores de Morgon.

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