27 de fev. de 2020

Anteprima Nobile di Montepulciano safras 2016 e 2017


Walter Tommasi, Marcelo Copello, e Eduardo Milan 

Quem já esteve em Montepulciano certamente pode confirmar  a presença de vinícolas históricas algumas delas dentro dos muros desta linda cidade, mas pouca gente sabe que seus vinhos já foram a grande referência de vinhos de alta qualidade bem a frente dos hoje badalados, Brunellos , Supertoscanos e até mesmo dos Chianti Clássicos que dia a dia ganham projeção mundial. Antigos documentos de 790 depois de Cristo comprovam a doação de vinhedos para a igreja, e outros de 1350 estabelecem as cláusulas de comércio de vinhos de Montepulciano. Até mesmo Voltaire em seu livro “O Candido” menciona a comida da Lombardia e os vinhos de Montepulciano. A denominação Vino Nobile começa a ser utilizada em 1787, mas sua DOC é somente confirmada em 1966 após a oficialização do Consórcio do Vinho de Montepulciano, e sua DOCG chega em 1980. 

Esta matéria será o início de uma série de postagens sobre os principais Players desta região toscana, mas para tanto vamos iniciar conhecendo alguns números importantes:
Área Total 16,5 mil hectares sendo 1,4 mil hectares plantados com vinhedos.
Produção  de vinhos DOCG (Vino Nobile) em 2019 - 6.220.783 garrafas.
Produção  de vinhos DOC (Rosso) em 2019 -2.660.862 garrafas
Número de produtores – 78 sendo todos membros do Consórcio

Nas Anteprimas deste ano a maioria dos produtores apresentaram seus Nobiles e Selezione de 2017, e os Riserva de 2016. A safra 2017 mesmo tendo 5 estrelas pelo Consórcio, foi um ano muito difícil com perdas de produção ficando entre 30 e 45 % dependendo da localidade. Os bagos de uva foram menores do que a média trazendo uma relação de casca e polpa mais intensa para a casca o que gerou vinhos mais tânicos, por outro lado o teor de açúcar foi médio para médio alto que levou a elaboração de vinhos de corpo médio. Ofativamente apresentaram uma predominância frutada onde a maturidade excessiva foi destaque. Provei 30 vinhos desta safra e devo dizer que não entendi as 5 estrelas dadas a ela. A maioria dos vinhos por mim provados apresentou aromas de frutas vermelhas maduras quase cozidas. Na boca acidez menor do que esperada, taninos muito intensos e secos e corpo médio. Por outro lada a safra de 2016 que recebeu 4 estrelas do consórcio foi  de um ano difícil, caracterizado por estresse hídrico e térmico limitado (para os experts locais lembrou a safra de 2013), propícia à produção de vinhos qualidade, mas que exigiu um gerenciamento cuidadoso da colheita  e da classificação rigorosa das cachos colhidos. Desta safra provei 17 exemplares do Nobile Riserva que para mim comprovaram a prova do ano passado quando degustei 29 Nobiles que em geral me agradaram mesmo que apresentassem um excesso de taninos e um ligeiro amargor final. Parece que o tempo de guarda em barrica fizeram bem pois arredondaram os vinhos. 

Meus destaques do ano foram:
NOBILE RISERVA 2016: Carpineto, Bindella, Boscarelli, Il Molinaccio La Poiana, Le Bertille, Tenuta Trerosse Simposio, e Icario Vitaroccia. 
NOBILE  e SELEZIONE 2017:  Dei, Boscarelli, Gattavecchi,Poliziano, Valdipiata Tenuta D’Alfiero, e Lunadoro Pagliareto.

No próximo post vamos conhecer um dos principais produtores da região e os comentários dos vinhos dele por mim provados.

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