Minha segunda visita nas terras do Amarone ocorreu no mais tradicional produtor da região o respeitado Giuseppe Quintarelli, um genial octogenário que começou sua longa carreira produzindo o Recioto, mas se tornou famoso por dar alma aos na época desconhecidos Amarones. Localizada no coração de Valpolicella, na cidade de Negrar, a vinícola é um antigo casarão que tem todo o processo de produção e maturação na sua parte inferior, e a secagem das uvas na parte superior, alem de servir de residência e escritório à família Quintarelli.
Francesco Quintarelli |
Fui recebido pelo simpático e metódico Francesco Quintarelli, neto do fundador. Diferentemente do Dal Forno, a família Quintarelli utiliza-se de técnicas mais tradicionalistas no processo de produção de seus vinhos assim como no de maturação com suas grandes botes de cedro da Slavonia e de alguns tonneau franceses. Barricas francesas só em seu novo Alzero, um IGT que usa o processo do Amarone em um corte bordalês (Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Merlot). Carinhosamente chamado de Bepi, o fundador ainda participa das atividades, mas de forma mais amena, pois basicamente dedica seu tempo mais aos testes finais dos cortes, desta forma a empresa hoje é gerenciada pela filha e netos entre os quais o Francesco que me acompanhou durante a visita. Tive o prazer de provar a linha inteira de vinhos da casa que descreverei e pontuarei abaixo:
Linha de produtos Quintarelli |
Bianco Seco Quintarelli 2008 - Corte de Garganega, Trebbiano Toscano, Chardonnay, Sauvignon Blanc, e Saurin (Tipo de Tokaji do Vêneto). Dourado, boa concentração, brilhante. Predominância floral, frutas brancas como pêssego, toque mineral, cítrico , e sottobosco. Na boca, estruturado, mas com ótima acidez, persistência longa e retro frutado e refrescante. NOTA 87/100.
Primo Fiore 2007 – Um jovem corte de Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon, na proporção de 50% e Corvina, Corvinone e Rondinella para os restantes 50%. Onde a parcela de Cabernet Sauvignon passa por apassimento. Olfativamente marcado por tomate, floral, frutas vermelhas e tostado indo para os terrosos. Na boca muito impactante na entrada, mas rapidamente se tornando elegante, taninos finos, corpo e persistência longa, retrogosto frutado. Vinho muito agradável. NOTA 87/100.
Valpolicella Clássico Superiore 2001 – Corte tradicional de Corvina 55%, Corvinone com 30% e Rondinella 15%. Tem 50 % do vinho elaborado no mesmo processo do Amarone e 50% consiste de vinho Valpolicella que passa uma semana e meia nas borras do Amarone. Granada com alta concentração de cor, sem halo. Tem no seu olfativo forte presença de cereja, tostado, especiarias e um leve toque de baunilha que deve vir da passagem do vinho pelos tonneau. Na boca, alta acidez, taninos finos, bom corpo, longa persistência, macio e elegante, tem retrogosto frutado confirmando o olfativo. Um Valpolicella exclusivo de altíssima qualidade. NOTA 89/100.
Rosso del Bepi 1999 – Elaborado com o mesmo tradicional corte do Amarone . Esse rosso é na verdade um pequeno Amarone com passagem por apassimento. Vinho homenagem ao fundador produzido apenas nos anos de 1994, 96, 99 e 2002. Granada, alta concentração, halo de evolução. Olfativamente mostrou seu bouquet com seus tradicionais aromas de cerejas ameixas, terroso, funghi, seco, tostado elegante de bottes grandes, e delicioso floral. Na boca, corretíssimo, fresco, encorpado, mas elegante, persistência longa e retrogosto de frutas secas e alcaçuz. NOTA 90/100.
Amarone Clássico 2000 – Certamente a jóia da casa, este vinho é elaborado o tradicional corte da casa: 55% de Corvina e Corvinone, 30% de Rondinella, e 15% de Cabernet, Nebbiolo, Croatina e Sangiovese, tem apassimento de meses e passa por maturação em bottes por 8 anos. Olfativamente muito complexo, com Terroso, ameixa preta, cereja no licor, floral, funghi seco, e o tostado típico das bottes da Slavonia. Na boca tripé perfeito, com acidez, taninos e álcool balanceados, tornando o potente vinho muito elegante, persistência longa e retrogosto muito complexo. O exemplo do que deve ser uma Amarone tradicional, elegante e complexo. NOTA 94/100.
Alzero 1998 - Um amarone produzido com um corte de 40% Cabernet Sauvignon, 40% Cabernet Franc e 20% Merlot que passa por três meses de apassimento e de 36 a 48 meses em barricas francesas seguidas de quatro anos em bottes da Slavonia. Rubi intenso, alta concentração, sem halo. Olfativamente complexo frutas vermelhas no licor, lembrando cassis, aromas evoluídos, ligeiro mentol, baunilha e tostado muito agradável. Na boca redondo, boa acidez, taninos doces, encorpado e retrogosto frutado com toque de cacau. Um vinho único que deve ser provado. NOTA 92/100.
OBS: Alem dos vinhos acima a empresa elabora um Amarone Riserva, denominado Riserva Giuseppe Quintarelli, que ocorre apenas em anos excepcionais. As últimas safras ocorreram em 1988, 1990, 1995 e em 2000.
Realmente uma visita inesquecível que ficará na minha memória !
Os vinhos de Giuseppe Quintarelli são distribuídos no Brasil pela Mistral – Fone (011) 3372-3400
A gente viu seu blog de vinhos e gostaríamos de convidá-lo a escrever um post acerca do Malbec Argentino e a participar de nosso certame do Blogueiro do Mês. Você terá a chance de ganhar uma viagem grátis à Argentina! Esse aqui é um link para mais informações http://www.winesofargentina.org/en/bloggerofthemonth
ResponderExcluirEsperamos ler seu post de blog!
Obrigado!
A Equipe de Vinhos da Argentina
Walter, esse sim sabe fazer Amarone! É fantástico, provavelmente o máximo que se pode tirar das uvas, do terroir e do método de produção. Numa degustação dos tops achei que ele é melhor do que o Dal Forno, justamente por não ser modernoso e não levar aquela madeira francesa mais nova.
ResponderExcluirUm tradicionalista e outro modernista, e que tiveram reconhecimento pela altíssima qualidade de seus produtos que é sempre seguida de preocupação com aqueles pequenos detalhes que fazem a diferença. O melhor entre os tradicionalistas e o melhor entre os modernistas . Quizera eu tomar estes vinhos no meu dia a dia ha ha ha. Forte abraço
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