17 de jan. de 2011

O mestre dos Alvarinhos


Na semana passada tive o prazer de conhecer Anselmo Mendes o mestre dos Alvarinhos portugueses, e fiquei impressionado com seu fascínio e foco em produzir o melhor Alvarinho possível. Sua tenacidade e paixão buscam atingir a perfeição da casta e isto ele realiza metodicamente como um mestre artesão japonês que alem de manter a tradição busca também se aventurar por novos mundos tentando e conseguindo extrair ainda mais da tradicional casta. Foi assim que Anselmo revolucionou o mundo dos vinhos verdes quando em 1998 criou o primeiro Alvarinho fermentado em madeira depois de oito anos de estudos e experiências. Nasceu o Muros de Melgaço. Anos depois, em 2001 lança o Alvarinho fermetado em inox com estágio sobre borras, nasce assim o Muros Antigos. E foram estes dois vinhos que tivemos o prazer de provar em duas verticais de três vinhos cada que apresentaremos a seguir. Anselmo tem dedicado estudos também com a variedade Loureiro, reforçando ainda mais sua especialidade em desenvolver grandes vinhos brancos no nordeste português.

Nossa curiosa e deliciosa degustação foi organizada pela Decanter e contou com a presença de seu simpático e incansável proprietário Adolar Herman, e ocorreu no Restaurante Trindade. Por falar no restaurante, devo destacar a qualidade dos pratos servidos entre os quais um dos melhores bacalhaus que tive a oportunidade de provar recentemente ( Posta de bacalhau com batata ao murro e brócolis) .

Mas vamos voltar aos vinhos, a verdadeira prima dona do evento:

Vertical de Muros Antigos – Vinhos varietais 100 da uva Alvarinho, fermentado em cubas de inox por 15 dias e estágio de quatro meses sobre borras finas com movimentação semanal. Linha caracterizada pelo frescor e mineralidade.

Alvarinho Muros Antigos 2005 – Dourado, média concentração, brilhante. No nariz, complexo marcado por aromas cítricos, minerais, florais, frutas brancas maduras, e toques de evolução. Na boca, alta acidez, untuoso, corpo médio para longo, persist6encia longa e retrogosto frutado com toques de evolução. NOTA 90/100

Alvarinho Muros Antigos 2007 – Dourado intenso, mais evoluído que o 2005. Olfativamente marcado pela mineralidade, toques cítricos, pêssego e maça verde. Na boca alta acidez, fresco, seco, com ligeiro tanino,corpo médio, boa persistência.NOTA 87/100

Alvarinho Muros Antigos 2008 – Palha verdeal, brilhante. Mesmo novo apresentou aromas de Alvatinho co evolução que são os toques de petrolato, alem deles cítrico e mineral. Na boca, ainda com agulhas, alta acidez, seco, corpo médio, persistência longa e final de boca muito fresco. Gostaria de toma-lo com um ano a mais de garrafa. NOTA 89/100

Vertical de Muros de Melgaço – Vinhos varietais 100% da uva Alvarinho, fermentado em barricas nova e usadas de carvalho francês. Marcados pela estrutura e complexidade alem da mineralidade características desta variedade e de seu terroir.

Alvarinho Muros de Melgaço 2003 – Ambar, média concentração. Olfativamente marcado pelos aromas de petrolato,frutas brancas cozidas, especiarias, canela, mel, e bala de cevada. Na boca, boa acidez e corpo, lembra um pouco um amontilliado, retrogosto de fruta cozida. NOTA 89/100

Alvarinho Muros de Melgaço 2005 Dourado brilhante. Olfativamente complexo com predominância de petrolato, mineral, tostado, especiarias, mel, e toque floral. Na boca absolutamente perfeito, ótima acidez, agulha, bom corpo, persistência longa, untuoso, retrogosto fresco com toques cítricos. Para mim o melhor vinho do painel. NOTA 91/100

Alvarinho Muros de Melgaço 2007 – Dourado, brilhante. Olfativamente fechado, mas com muita mineralidade lembrando pedra molhada. Na boca, um vinho mais contido, boa acidez, frescor, corpo médio, persistência longa e retrogosto mineral. NOTA 87/100

Alvarinho Muros de Melgaço 2009 – Palha com toque verdeal. Olfativamente marcado pelo mineral, cítrico, trazendo ainda mel, floral, e leve tostado. Na boca muito frescor, definitivamente jovem, bom corpo persistência longa e retrogosto cítrico. NOTA 88,5/100


Alem das duas verticais provamos

Espumante Muros Antigos Reserva Bruto Natural 2005 – Elaborado com as uvas Alvarelhão 70% e Alvarinho 30%. Dourado, brilhante, ótima mousse, perlage muito intensa, bolhas pequenas. Olfativamente fechado, nozes, tostado, leve cítrico. Na boca, ácido, seco, ligeiramente áspero, bom corpo, final de boca com ligeiro amargor. NOTA 83/100



Alvarinho Moda Antiga 2005 – Âmbar, brilhante. No nariz mostrando bastante evolução, especialmente frutas, ameixa, erva doce, toques florais, e tostados. Na boca, untuoso, boa acidez, ligeiro tanino, seco, quente, encorpado, persistência longa, retrogosto lembrando maça cozida. NOTA 88/100




Parcela Única 2009 – Palha, verdeal, brilhante. Olfativamente fechado, mineral, toques cítricos, ligeiro tostado. Na boca alta acidez, seco, ligeiro tanino, bom corpo e persistência. Vinho muito jovem e com potencial de guarda. NOTA 88/100.



Walter Tommasi

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