21 de jun. de 2010

O vinho brasileiro que soube envelhecer

  
Adolfo Lona

Meus caros amigos, alguns dias atrás tive a oportunidade única de tomar um vinho nacional com 17 anos, absolutamente vivo e surpreendentemente agradável. O vinho foi levado pelo confrade Agilson Gavioli  para uma compatibilização que fizemos de vinhos nacionais e importados com o brasileiríssimo Pato no Tucupi ( veja matéria postada em compatibilizações ). O vinho em questão foi o Baron de Lantier 1991 produzido pela Bacardi pelas mãos do competente Adolfo Lona para quem vai esta singela homenagem. Não tenho dúvidas que este foi um dos melhores vinhos nacionais que tive a oportunidade de tomar e certamente a porta de entrada dos bons vinhos produzidos no Brasil. Desta vez não farei comentários mas apenas transcrever algumas informações que o próprio criador (Adolfo Lona) nos deu sobre sua preciosa cria:

Motivos para a alta qualidade do vinho:

1)      Comportamento excepcional do clima. Algo mais de 100 mm de chuva nos meses pré-colheita foi maravilhoso.

2)    Dispor dos mais avançados e adequados recursos tecnológicos como uma desengaçadeira importada especialmente que retirava o engaço sem machucar-lo e deixava os grãos inteiros, maceradores em aço, construídos especialmente para retirar os componentes da cor provocando o menor atrito possível entre as cascas, barricas de carvalho francês novas com duelas serradas (foram as primeiras existentes no Brasil).

3)     Conceito de elaboração que determinava que o tempo seria dado pelo vinho e não pela equipe técnica. Por isso ficou doze meses em barricas e envelheceu dezoito meses em garrafa. Somente após este tempo consideramos que estaria “pronto para o consumo”.


Mais alguns dados sobre a produção deste vinho, dados pelo enólogo:

a)     A colheita foi de 17 de fevereiro a 22 de março de 91 e o álcool potencial das uvas era quase 12%, fato inédito.

b)     Da safra 91 a De Lantier elaborou 321.000 litros entre Cabernet Sauvignon e Merlot dos quais se reservaram somente 100.000 litros. 

c)     O Corte final foi 85,5% de Cabernet Sauvignon e 14,5% de Merlot.

d)     Colheita e elaboração: de fevereiro a junho de 1991 (maceração de oito dias, fermentação, malolática)

e)     Pré-maturação em tanques: julho a dezembro 1991.

f)       Maturação em barricas de 225 litros: janeiro de 1992 a janeiro de 1993.

g)     Descanso pós barrica: fevereiro a maio 1993

h)     Engarrafamento: de 17 a 19 de maio de 1993.

i)     Lançamento antecipado para confrades para possibilitar acompanhar a evolução: julho 1994

j)       Lançamento oficial: outubro de 1994.

Meus comentários finais

Muita gente continua achando que vinhos nacionais não tem o padrão de qualidade mínimo para serem comparados com outros países, e muito menos que eles possam envelhecer bem.

Dizer o que?

Dizer nada, apenas apreciar exemplares como este espetacular Baron de Lantier 1991

Prezado Adolfo você não pode imaginar que prazer, e que surpresa tive em tomar este teu vinho. Meus parabéns!

Orgulho, é certamente o que você deva sentir por iniciar o nascimento dos grandes vinhos brasileiros

Por favor, continue nos encantando


Walter Tommasi 



Um comentário:

  1. Prezado Walter: Obrigado pelas afetuosas palavras a meu respeito.
    O Baron de Lantier 1991 será sempre o principal motivo de orgulho da minha passagem pela De Lantier em Garibaldi. Conseguimos demonstrar que com uva adequada, técnica e paciencia é possível conseguir qualidade superior também no Brasil.
    Após a compra da Bacardi achei que não tinha muito mais a fazer na empresa e por isso desde 2004 tenho uma pequena produtora artesanal de espumantes.
    Espero que em breve possa receber-lo em Garibaldi para compartirmos uma taça de espumantes.
    Meu abraço

    Adolfo Lona

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