19 de ago. de 2019

Wines of Argentina 2019 Brancos surpreendentes



Todos os anos recebemos varios eventos de vinho que visam divulgar as diversas regiões produtoras do mundo, e estes costumam ter um padrão de apresentação que tenta atender todos os segmentos importantes do mercado de vinhos. O padrão consiste em um ou dois master classe / palestras dirigidas especialmente para jornalistas, lojistas, donos de restaurantes, sommeliers e formadores de opinião e na sequência uma feira de vinhos com suas diversas mesas de degustação  abertas ao público em geral. Claro que esta proposta é interessante, mas quase sempre esbarra na logística dos distintos acontecimentos causando quase sempre atrasos no início da feira, ou a aceleração na apresentação dos últimos vinhos servidos nas master classe. Wines of Argentina parece ter percebido este entrave e a algum tempo tem feito algumas apresentações mais voltadas ao público consumidor, que no geral não tem interesse em ouvir detalhes de produção mas sim de provar as amostras oferecidas para ai tirarem suas conclusões  de quais rótulos gostara mais. Entretanto  no último Wines of Argentina realizado na semana passada criou um evento mais voltado ao público especializado com três master classes expandidas: Primeira: A Revolução dos Brancos Argentinos, das 16:00 às 17:30, Segunda: O Mapa Da Malbec, das 18:00 às 19:30, Terceira: Novas Regiões e Novos Terroirs, das 20:00 às 21:00. 

Tive o prazer de participar das duas primeiras palestras, mas infelizmente perdi a terceira pois já havia aceito outro compromisso no mesmo horário, de qualquer form  fiquei muito feliz em ver que este modelo funcionou melhor para que escreve ou precisa conhecer mais a fundo os vinhos apresentados, ou seja confortavelmente sentados, com tempo suficiente para degustarmos e escrevermos sobre cada um dos vinhos, tempo para escutar os comentários dos enólogos presentes que descreveram as particularidades de cada exemplar,  um local separado com todas as garrafas do painel para serem fotografadas, e finalmente um tempo extra para trocar idéias com os enólogos presentes Alejandro Vigil (Catena Zapata e Bodega El Enemigo), Sebastián Zuccardi (Zuccardi ), David Bonomi (Norton), Alejandro Sejanovich (Manos Negras/Tinto Negro) e Edy Del Pópolo (Susana Balbo).
Neste post vou concentrar meus comentarios  para o painel de vinhos brancos, que cada vez mais mostram sua qualidade e ótimo potencial de guarda, vamos a eles:

Norton Pedriel Sauvignon Blanc 2018 – Com 12,5% de álcool, e 6 meses de guarda com parte do vinho passando por barricas francesas de segundo uso. Palha vedeal brilhante. Floral, mineral, néspera, bem perfumado. Ótima acidez, leve tanicidade, corpo médio, final de boca fresco e marcante pela forte presença da nêspera.

Tinto Negro Zaha Semillon 2018 – Vinho com 13% de álcool, e leve passage do vinho por barricas de segundo uso. - Palha verdeal, brilhante. Floral, mineral, pêssego branco, pedra molhada, toque de mel. Ótima acidez, leve presença de taninos, corpo médio, retrogosto frutado, seco, com leve oxidativo. Delícia

Matias Riccitelli Old Vines Patagonia Semillon 2018 - Vinho com 13 álcool e passagem de 8 meses por barricas de segundo uso e ovos de concreto.  Palha verdeal, brilhante. Frutas cítricas, mineral, pedra molhada. Extra seco, alta acidez, tânico, longo final mais agressivo e muito mineral. Cresce e taça.

El Enemigo Semillon 2017 – Vinho com 13,5% de álcool e 15 meses de guarda em barricas. Palha ralo,brilhante. Pêssego, limão siciliano, mineral e leve baunilha. Na boca estruturado, ponta de álcool abacaxi e baunilha. Lembra um Borgonha, estilo tradicional. Complexo suculento.

Luigi Bosca Riesling Las Compuertas 2018 – Vinho 13% de álcool. - Amarelo verdeal, bem brilhante. Grama seca cortada, pimenta, rosas, cítrico, leve petrolato. Na boca ótima acidez, bom volume de boca longo, retrogosto petrolato bem típico, lembra um alsaciano

Rutini Gewurztraminer 2018 – Vinho com 14 de álcool e passagem de 4 meses de barricas. Marfim cristalino, brilhante. Floral, romã,lança perfume e muita lichia. Boa acidez, ponta de álcool, encorpado, final de boca muito agradável, mas com toque adocicado.

Amalaya Torrontes Riesling 2018 – Vinho com 12,5% de álcool sem passagem por madeira. Branco, ralo, brilhante. Mineral, pedra molhada, e intenso floral. Boa acidez, perfumado e adocicado, corpo médio, , limpo, e  fresco . Um vinho de entrada de linha bem elaborado, onde a mineralidade da Riesling colaborou com a difícil Torrontes.

Susana Balbo Barrel Fermented 2018 – Vinho com 13% de álcool e passagem de 4 meses de barricas novas.  Marfim, brilhante. Olfativamente perfumado, pêssego em calda, castanha, tosta. Na boca, seco estruturado, ponta de álcool, final com pêssego em calda e baunilha.

Norton Altura Sauvignon Blanc, Semillon e Gruner Veltliner 2018 – Vinho com 13% de álcool, com 6 meses de passagem por barricas  de segundo uso mais 6 meses de garrafa. Marfim, ralo, brilhante. Floral, pêssego fresco, cítrico e mineral. Ótima acidez, boa estrutura, longo, final de boca fresco com predominância  floral e frutado.

Matervini blanco Marsanne, Roussane e Viognier 2017 – Vinho com 14% álcool e passagem de 11 meses por barricas. Dourado brilhante. Abacaxi, pólvora, e tostado. Ótima acidez, potente, alcoólico. Amadeirado, final com amêndoa amarga.

Susana Balbo White Blend 2018 Sauvignon Blanc, Torrontes, e Semillon – Vinho com 13,5% de álcool, e passagem de 4 meses por barricas. Marfim, toque esverdeado, brilhante. Flores, brancas, limão siciliano, pedra molhada, leve tosta. Alta acidez, vibrante, seco, corpo médio para longo, boa presistência, final de boca fresco. Agradou muito.

Zuccardi Q Chardonnay 2016 – Vinho com 13,5% de álcool. Palha verdeal brilhante. Fechado, mineral cítrico, floral, pedra molhada. Boa acidez, macio, leve dulçor de fruta, macio, final com pera e ervas. Um vinho, elegante e leve. Que preserva a mineralidade.

Tinto Negro Vivo o Muerto Chardonnay Las Pareditas 2017 – Vinho com 13% de álcool, sem barrica Dourado, brilhante, verdeal. Fechado mineral, floral. Na boca macio, ótimo balanço, sedoso, final de boca longo com pera madura. Um vinho muito bem feito.

Zuccardi Fósil Chardonnay 2018 – Vinho com 13% de álcool, com 12 meses de passagem por barrica. Palha verdeal, brilhante. Fechado, mineral, limpo, fresco, direto. Na boca, seco, alta acidez, ligeiro tanino, corpo amplo, longo, final de boca com pera madura, baunilha, e pontinha salgada.  Um vinho complexo e com uma presença de boca admirável.

Catena Zapata Adriana Vineyard Bones 2015 – Vinho com 13% de álcool, com passagem de 12 a 16 de barricas. Dourado, brilhante. Nariz único, leve abacaxi maduro, flores brancas, anis, mineral, e nêspera. Na boca seco, ótima acidez, ligeira presença de taninos, envolvente, sedoso, elegante final de boca fresco e frutado.

Que painel maravilhoso, dando oportunidade desde vinhos de entrada a grandes joias da coroa, ficou realmente difícil compara-los, mas gostaria de deixar registrado que além de fosseis e bones, também fizeram minha cabeça o Pedriel, o Riccitelli o El Enemigo e o Zuccardi Q.

Meus parabéns aos produtores argentinos por estarem apostando em seus vinhos brancos, tenho certeza que farão ainda muito mais sucesso do que já estão fazendo. Particularmente já estou no rol dos consumidores constantes de seus brancos.

Wines of Argentina: Site www.winesofargentina.org

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