20 de out. de 2018

Casa Real continua reinando



O Casa Real da centenária vinícola Santa Rita que foi fundada em 1889 sempre esteve para mim no topo dos grandes vinhos das Américas e entre os 3 melhores vinhos produzidos no Chile. Este verdadeiro ícone chileno foi produzido pela primeira vez em 1989 das hábeis mãos de Cecília Torres que se manteve à frente da área enológica até a safra de 2010. De lá para cá, coube ao competente Sebastian Labbé cuidar desta joia da Santa Rita. E foi Sebastian quem comandou recentemente uma vertical que contou com as safras de 1995, 1998, 2001, 2009, 2011, e 2014. 


O Casa Real é um varietal 100% Cabernet Sauvignon elaborado com uvas de vinhedos com mais de 40 anos de idade, localizados na região de Carneros Viejos, Alto de Jahuel em Maipo Alto, conhecido por seus solos aluviais e coluviais, onde o clima é mediterrâneo semi árido, marcado por invernos frios com chuvas moderadas, verões quentes e secos, e oscilação de clima entre o dia e a noite que pode chegar a 20%, o que permite elaborar vinhos muito complexos e elegantes. O vinho é produzido somente em anos onde a safra é considerada excepcional. Vamos a minha leitura de cada uma das safras provadas:

Casa Real 1995 – Vinho granada extra tinto, halo de evolução. Ofativamente complexo, aromas de frutas maduras, ameixa, cassis, menta, toque terroso, couro, e baunilha. Vinho estruturado, taninos finos, ponta de álcool, redondo, gordo, final de boca com presença intensa de terciários e frutas evoluídas. Um vinho ainda com aquele estilo mais novo mundista, mas mesmo com idade avançada ainda com bom potencial de guarda. Safra quente, e seca.

Casa Real 1998 - Granada ralo, halo intenso. Austero, ameixa, tostado, terroso, menta, lácteo, e baunilha. Tripé correto, taninos sedosos corpo curto final de boca marcado por frutas evoluídas e muita elegância. Vinho que para mim está pronto para consumo e começa a apresentar mais aromas terciários do que fruta, o que me faz recomendar evitar a guarda desta safra. Safra difícil, mais chuvosa, trabalharam muito no campo para evitar o crescimento vegetativo. Ano mais fresco.

Casa Real 2001 - Rubi brilhante, média concentração, sem halo aparente. Vinho com diversas camadas olfativas, frutas vermelhas maduras, cacau, cereja no licor, especiarias, ervas aromáticas e tabaco. Acidez cortante, leve acidez volátil, taninos presentes, mas muito finos, bom corpo, final de boca vibrante, e fresco. Um vinho pronto, mas com estrutura para muitos mais anos de vida. Foi meu exemplar favorito. Colheita parecida com safra de 1995 mas mais quentes, e mais chuvoso.

Casa Real 2009 – Rubi, média concentração, leve halo. Café, fruta vermelha madura, cereja, especiarias, e tostado. Na boca, boa acidez, macio, taninos finos, quente, final de boca frutado e tostado com álcool mais aparente. Um vinho mais pronto fácil de gostar, potente, mas bem equilibrado. Ano quente.

Casa Real 2011 - Rubi violáceo, sem halo. Frutas negras  frescas, baunilha, menta, grafite, e mineral. Ótima acidez, taninos finos ainda presentes, corpo médio, final de boca leve, final frutado e tostado. Um vinho muito direto e agradável no olfativo, que na boca parece mais alcoólico, mas que para min tem falta de estrutura e meio de boca, o que faz crescer a sensação alcoólica. Foi a safra que menos me agradou. Condições climáticas favoráveis.

Casa Real 2014 - Rubi, média concentração, sem halo. Olfativamente ainda jovem, frutas negras frescas, grafite, herbáceo, tostado, e mineral. Na boca equilibrado, redondo, macio, taninos empoeirados corpo médio e final leve com frutas negras e alcaçuz. Um vinho jovem já pronto para beber, mas com tremendo potencial de envelhecimento.  

Meu agradecimento ao pessoal da Santa Rita por esta deliciosa experiência! E viva o Casa Real !

Nenhum comentário:

Postar um comentário