22 de mai. de 2018

Degustar às cegas ou não ?


Este título é curto mas é carregado de polêmicas e discussões, de um lado existem os defensores da valorização dos rótulos tomados, preferindo o conhecimento dos mesmos antes de toma-los, e com isto maximizando o reconhecimento de suas principais características. De outro lado os que defendem  a comparação dos vinhos sem conhecimento do rótulo, o que permite que o melhor vinho se expresse sem interferência da marca. Quem está certo e quem está errado? Para mim depende da ocasião e do porque estamos bebendo. Senão vejamos: Se a ocasião é um jantar com amigos onde cada um leva um vinho mais raro ou que o consumidor  aprecia,  não faz muito senso ficar fazendo comparações técnicas, afinal vale mais a curtir o momento sem preocupações com tecnicalidades. Mas quando você faz parte de um grupo ou confraria na qual se define um tema onde todos deverão trazer vinhos da mesma espécie, ou vinhos que compatibilizem com pratos servidos, aí sou de opinião ser mais propício e educativo não sabermos que rótulo estamos tomando, aceitando nossa escolha daquele que melhor performou entre os participantes. Em minha experiência nas diversas confrarias que adotam este modelo posso dizer que temos tido muitas confirmações dos mais famosos, serem os melhores, mas também muitas surpresas de vinhos menos conhecidos. Muito raramente termos unanimidade, mas quase sempre os vinhos escolhidos tem o voto da maioria dos participantes, o que valida os resultados, especialmente quando os teoricamente favoritos não são os ganhadores. Como jornalista especializado em vinhos e responsável por organizar degustações para a revista Go Where Gastronomia já tive muitas experiências curiosas. Normalmente solicito os vinhos para as importadoras com temas definidos, e as provas sempre contam com 8 a 10 profissionais do vinho sendo as degustações realizadas às cegas, em uma delas  a alguns anos atrás com o tema Champagne, percebi que uma das importadoras não havia enviado o seu exemplar, e decidi ligar para o proprietário para confirmar se ele enviaria ou não seu representante, a resposta foi direta, vou mandar sim mas não enviarei meu champagne TOP pois ele não precisa de propaganda e se ficar para trás na prova não vai pegar bem.  Também tivemos outra situação muito interessante quando um vinho não tão conhecido ganhou uma degustação de Rioja Reserva, e o sucesso foi tão grande que acabou com os estoques do importador. Acho que esses dois fatos exemplifica bem nosso  tema! Aliás em nossas degustações mensais é bastante comum termos boas surpresas com vinhos não tão conhecidos tornando-se ótimas alternativas de compra para os leitores e degustadores. Acho que ficou claro que profissionalmente prefiro degustações às cegas, mas vinho é prazer, logo  curta seu  da forma que achar melhor!  Salute  

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