Sempre me considerei e continuo me considerando apenas um apreciador de vinhos, que respeita a personalidade e as caracteristicas de cada um deles, e fazendo minhas análises de forma técnica evitando incluir nas mesmas meu gosto pessoal, afinal para mim gosto não se discute mesmo que saibamos que ele muda. Nos últimos anos tenho visto um aumento considerável dos ditos vinhos naturais, e com uma certa popularização também veio um pouco de extremismo, ao ponto de ter gente que só pelo fato de se anunciar que o vinho é natural, ou nao ter sulfitos, ou só ter leveduras indígenas, ou não ser filtrado ,já ser avalizado com um vinho de primeira linha. Devo dizer que não me agrada este radicalismo, que já vi no passado quando surgiram os hoje odiados Fruit Bombs e me dou o direito de rotular este tipo de radicalismo com a triste palavra “Modismo”. No mundo dos vinhos naturais assim como nos vinhos industriais existem coisas muito boas, médias , e ruins portanto temos que ter o discernimento de avaliar o que é bom e o que não é, e não apenas seguir o oba oba geral. Particularmente acredito muito no conceito dos vinhos naturais que para mim vieram para ficar mas creio que eles devam passar por uma certa “filtragem” para fazer com que aqueles vinhos que por falta de conhecimento técnico, higiene em seu processo de produção, etc , etc possam denegrir a imágem de um conceito corrreto que deve ser aplaudido e incentivado, Neste segmento já existem alguns nomes que são referência como Nicolas Joly, Anne Claude Leflaive, Olivier Humbrecht, Pierre Overnoy, Josko Gravner e outros que certamente solidificaram e continuam solidificando os bons usos e costumes na produção de vinhos e que certamente devem ser considerados exemplos a serem seguidos .
Pois bem na semana passada tive o prazer de participar do 1º Encontro Franco Brasileiro de Vinhos Naturais que não tenho dúvidas, poderá se tornar o marco inicial na correta divulgação dos bons vinhos naturais no Brasil, e que nos possibilitou conhecer alguns dos grandes nomes deste segmento. Desde já fico na torcida para que seja repetido no próximo ano, aproveitando para parabenizar Alain Inglês, Pedro Hermeto e Philippe Herbert, organizadores, e ao Oswaldo Correa da Costa por ceder seu lindo espaço para a versão paulista deste evento.
Vejamos a lista
de participantes Internacionais:
Emmanuel Houillon e Pierre Overnoy / Domaine Houillon-Overnoy
Jean e Agnés Foillard / Domaine Jean Foillard
Eric e Marie Pfifferling / Domaine L’Anglore
Pierre e Catherine Breton / Domaine Breton
Sebantien Bobinet e Emeline Calvez / Domaine
Sebastien Bobinet
Patrick e Mireille Meyer / Domaine Julian
Meyer
Marcel Richaud / Domaine Richaud
Participantes
Nacionais:
Marco Danielle (Tormentas)
Mauricio Ribeiro (Vinhedo Serena)
Lizete Vicari (Domínio Vicari)
Eduardo Zenker (Arte da Vinha)
Marina Santos (Vinha Unna)
Luís Henrique Zanini (Era dos Ventos).
O encontro
teve produtores na medida exata para que pudessemos provar
todos os vinhos apresentados o que
permitiu a todos os presentes terem uma
visão mais abrangente e completa do
painel apresentado. Devo admitir que conhecia e já havia provado a maiora dos vinhos
elaborados pelos produtores internacionais, mas entre os locais havia tomado
apenas alguns rótulos. Mesmo assim tive uma surpresa muito agradável entre os
internacionais e finalmente pude conhecer alguns dos exemplares já cultuados
pelos ëxperts”em naturais nacionais.
Meus 4
destaques entre os Produtores
Internacionais
Pierre Overnoy e Emmanuel Houillon |
Marie Pfifferling |
A seguir Domaine L’Anglore da região do Rhone- Um produtor que admiro
muito e que sempre carrego vinhos em
minha adega. Os Pfifferling elaboram um dos meus
rosé favoritos Chemin de la Brune
um corte de Grenache, Cinasault e Aramon e que depois de ficar fora do mercado
brasileiro por algum tempo, voltara a ser importado pelo próprio Alain Ingles.
Catherine Breton |
Na sequência
a Domaine Breton da região do Loire-
Elaboram maravilhosos chinon, bourgueuil
,e vouvray dentre os quais me encantou
seu Clos Sénéchal 2011 um Bourgueuil maravilhosamente grafitado .
Finalmente uma surpresa muito agradável os mineralissimos alsacianos da Domaine Julian Meyer que tive o prazer
de conhecer nesta feira. seu Riesling Nature Muenchberg Grand Cru reinou absoluto mesmo que seguido
de perto por um Gewustraminer Les Pucelles que foi o favorito de muitos.
Tormentas do polêmico e competente Marco
Danielle que me encantou com um austero
Pinot Noir Experimental 2013 elaborado com uvas do Vinhedo Serena , espero que
não fique só na experiência e que o
experimental se torne vinho de linha.
Na
sequiência a ótima surpresa do próprio Vinhedo
Serena do comunicativo Maurício Ribeiro que mandou ver com um Pinot Noir
2012 que às cegas poderia ser confundido com bons vinhos da Borgonha.
Didu Russo com Eduardo Zenker |
Em
seguida às radicais experiências de Eduardo Zenker, Me encantei com seu espumante metodo ancestral deliciosamente pronto.
Marina Santos |
E finalmente uma produtora de quem nunca havia
ouvido falar Marina Santos com um limpo Cabernet Franc cheio de tipicidade da Vinha Unna.
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